sábado, 30 de junho de 2012

Um sentimento novo



Desde criança, melhor dito, foi quando criança que aprendi a construir meu próprio mundo.  Minha cabeça infantil só pensava em aprender a andar de bicicleta, correr na areia, brincar... sem me preocupar com os afazeres educacionais que me era exigido por minha mamãe. Minha mamãe era bastante mão firme quando o assunto diz respeito à educação. A pobre não teve a oportunidade que estava eu tendo naquele momento. Minhas primeiras séries foram incríveis. As professorinhas eram afáveis, a calma encarnada, fingia não ouvir nossos gritos e diziam: - meu amor, falar baixo é bonito, ficamos mais belos quando falamos educadamente. Ah, tempos bons, tempos bons, como os olvido!
Anos mais tarde, quando já passava a metade do ensino elementar, conheci um sentimento diferente. Antes, o que queria era conhecer joguetes novos, coleguinhas para correr, porque criança só sabe correr (- menino, tu vai se machucar! – Oxe, mãe, me deixe).  No entanto, esse sentimento que levava dentro do peito estava mudando minha conduta, meu jeito de ver as coisas; estava mais feliz, e, como um desajuizado, não sabia (ou não entedia) o porquê de tal comichão interior. Estudava pela manhã, não aguentava esperar o dia amanhecer: às cinco, junto com mamãe, já estava de pé (essa hora, menino?), queria está bem arrumado, bastante perfumado, nem eu me entendia.
Não obstante, um dia, na aula de português, foi-nos dada a missão de decifrar os acontecimentos de um texto desordenado. Eu, definitivamente, não era bom em língua portuguesa, continuo não o sendo. Minha sorte foi que o trabalho era em grupos, pensei: salvei-me! Grupo de três: eu e mais duas criaturas. Como a escola que estudava era singela, as cadeiras não eram lá confortáveis, sentamos no chão, o chão era limpo, bem zelado. Subitamente, o lápis, assim do nada, cai de minha mão. Eu e uma das criaturas colocamos a mão, ao mesmo tempo, para recorrê-lo. Oh, Deus, minha mão ficou por baixo. Nesse momento, um filme, durou uns quantos segundos, passou por minha mente e descobri, mais ou menos, o porquê de toda minha abobalhação. Aquilo foi sublime, sublime... é esta a palavra que me vem. A paz, naquele dito momento, apoderava-se de meu íntimo, aquela alegria que sentia ao levantar-me às cinco da manhã, também, fazia-se presente. Não queria que aquele momento acabasse, não, isso eu não queria, estava sendo lindo e inebriante momento, estava deleitando-me no instante, estava amando a criatura divina, criatura divina... é essa a expressão que me vem, criatura divida, de rosto angélico, voz terna, mãos suaves, olhos negros penumbra. A aula acabou, (mas já, professora?) fomos embora.

Fortaleza, 29 de junho de 2012
Às 11h45min. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Lamentos de dor


A noite cai e com ela vêm as lembranças de um passado que se foi, deixando enormes cicatrizes em meu peito. Não sei mais até quando poderei suportar a dor que ficou presente em mim quando você partiu, quando você me deixou só, outra vez. Será que algum dia serei capaz de esquecê-lo? Esse amor me machuca, é quase impossível esconder todos os sentimentos que estão fincados em meu coração. As pessoas olham para mim e enxergam apenas o que meu semblante transmite. Parece mesmo que estou sempre feliz aos olhos de todos, mas a grande verdade é que criei uma barreira entre meu exterior e meu interior, e apesar de me mostrar sempre alegre, existe um grande tormento em meu coração, angústia suprema, noites intermináveis, enfim, escuridão. Estou entorpecida, há uma lágrima em meu olhar que sempre impeço de deixá-la cair para não partilhar a minha tristeza com as pessoas que amo, pois não quero que as mesmas deixem de ser feliz por minha causa, não quero causar dor em mais ninguém... Então, tudo que farei, é ficar trancada no meu mundo, sofrerei calada e buscarei respostas para 
as perguntas do meu íntimo. Seguirei em frente tentando achar um rumo melhor para minha vida, buscando encontrar em cada ser algo que seja capaz de preencher o vazio que você deixou quando partiu. Quem sabe um dia poderei olhar para trás e ver que o que passou, de algum modo, serviu para o meu crescimento. E quanto a você, quando olhar para frente verá que não tem mais aquele amor que lhe ofereci com toda força do meu ser, e talvez você possa sentir a dor que senti, a solidão que passei, as noites gélidas, a inquietude da alma. Talvez você possa sentir o seu coração gritar, apelar e chorar apenas por querer estar ao meu lado, apenas por querer ouvir a minha voz implorando por um carinho seu; então, você sentirá a vontade de ligar para mim, mas logo em seguida virão as vozes da sua consciência que irá lhe apresentar de forma clara tudo o que você fez para mim, todo desprezo, toda falta de amor e toda lágrima que você me fez derramar apenas por querer ter você comigo, verá que você não foi suficientemente capaz de retribuir todo o amor que eu tinha por você, verá o quanto você desperdiçou daquele amor, o quanto você foi seco e frio comigo. Pode ser que eu esteja errada em relação a você, pode ser que você olhe pra frente e eu me torne, apenas, uma lembrança vaga em sua mente, pode ser que eu esteja apenas ocupando mais um espaço em sua mente... Tudo isso são fatos dos quais nunca terei certeza do que realmente possa acontecer com nós dois, mas quem sabe um dia possamos estar juntos novamente, quem sabe eu possa esquecer de todo o mal que você me causou e possamos ser felizes, pois a nossa felicidade não depende do destino, depende de nós.

Katyany Gomes (Cortesia)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Decepção

Decepção, por que me persegues? Por que insistes em me seguir? Já disse que não te quero perto de mim. O que procuro, às vezes, não, definitivamente, não é o que acho. Por quê? Por quê? Por favor, diga-me o porquê disso tudo? Você perto de mim me faz sofrer; você longe de mim também me faz sofrer. O que faço, então? Fujo, escondo-me, esfumo-me ou me perco para poder me encontrar? Acaso, não escutas meu chamado? Não vês que estou clamando por ajuda? Passa-me, neste momento, lembranças e lembranças de um presente que não vivo. Por que sou feliz? Por que sofro, e por que vivo mais fracassando do que triunfando? 
Será que é melhor fazer o bem ou fazer bem? Não sei... definitivamente não sei... não sei... não, não e não. Há anos me decepciono com tudo , não encontro respostas para nada. Para onde quer que eu vá, só vejo muros brancos sem nada escrito nem pichado. A decepção é um aprendizado... é o que dizem por aí, mas ninguém gosta de sofrer, ou será que há alguém assim? Não sei, não sei, não, não e não. Aliás, eu, realmente, não sei de nada, não sou nada, ou melhor, sou sim, sou um nada. É suicidante esta decepção encravada, não obstante não tenho o direito de ceifar a vida, uma vez que não fui eu quem me regalei ela; esta me foi dada, e seria inútil tentar sair desta prisão, pois o corpo liberta-se, mas o espírito jamais.  

Fortaleza, 12 de janeiro de 2011.
Às 00h21min.