Desde criança,
melhor dito, foi quando criança que aprendi a construir meu próprio mundo. Minha cabeça infantil só pensava em aprender
a andar de bicicleta, correr na areia, brincar... sem me preocupar com os
afazeres educacionais que me era exigido por minha mamãe. Minha mamãe era
bastante mão firme quando o assunto diz respeito à educação. A pobre não teve a
oportunidade que estava eu tendo naquele momento. Minhas primeiras
séries foram incríveis. As professorinhas eram afáveis, a calma encarnada,
fingia não ouvir nossos gritos e diziam: - meu amor, falar baixo é bonito,
ficamos mais belos quando falamos educadamente. Ah, tempos bons, tempos bons,
como os olvido!
Anos mais tarde,
quando já passava a metade do ensino elementar, conheci um sentimento
diferente. Antes, o que queria era conhecer joguetes novos, coleguinhas para
correr, porque criança só sabe correr (- menino, tu vai se machucar! – Oxe,
mãe, me deixe). No entanto, esse
sentimento que levava dentro do peito estava mudando minha conduta, meu jeito
de ver as coisas; estava mais feliz, e, como um desajuizado, não sabia (ou não
entedia) o porquê de tal comichão interior. Estudava pela manhã, não aguentava
esperar o dia amanhecer: às cinco, junto com mamãe, já estava de pé (essa hora,
menino?), queria está bem arrumado, bastante perfumado, nem eu me entendia.
Não obstante, um
dia, na aula de português, foi-nos dada a missão de decifrar os acontecimentos
de um texto desordenado. Eu, definitivamente, não era bom em língua portuguesa,
continuo não o sendo. Minha sorte foi que o trabalho era em grupos, pensei:
salvei-me! Grupo de três: eu e mais duas criaturas. Como a escola que estudava
era singela, as cadeiras não eram lá confortáveis, sentamos no chão, o chão era
limpo, bem zelado. Subitamente, o
lápis, assim do nada, cai de minha mão. Eu e uma das criaturas colocamos a mão,
ao mesmo tempo, para recorrê-lo. Oh, Deus, minha mão ficou por baixo. Nesse
momento, um filme, durou uns quantos segundos, passou por minha mente e
descobri, mais ou menos, o porquê de toda minha abobalhação. Aquilo foi
sublime, sublime... é esta a palavra que me vem. A paz, naquele dito momento, apoderava-se
de meu íntimo, aquela alegria que sentia ao levantar-me às cinco da manhã,
também, fazia-se presente. Não queria que aquele momento acabasse, não, isso eu
não queria, estava sendo lindo e inebriante momento, estava deleitando-me no
instante, estava amando a criatura divina, criatura divina... é essa a
expressão que me vem, criatura divida, de rosto angélico, voz terna, mãos
suaves, olhos negros penumbra. A aula acabou, (mas já, professora?) fomos
embora.
Fortaleza, 29 de junho de 2012
Às 11h45min.