Um amigo, antes de morrer, meio que balbuciando sílabas incompletas, pediu:
- A...migo, conte-me sobre sua vida.
- Mas é muito longa, Marcito, não há tempo - Respondeu o amigo soluçando, deitado ao seu lado na maca de colchão fino, ferros gelados, puro éter.
-Oh, amigo, afague-me o peito neste meu infeliz momento - Disse Márcio, tossindo muito, desfalecido.
- Márcio, não fale asneiras! Descanse! - Disse o amigo, acariciando a cabeça de Márcio com uns e outros cabelos cacheados, enrolando os capuchos e chorando ao mesmo tempo.
- Farias, comece pelo melhor da vida, comece pelo amor - Insistiu Márcio quase sem voz.
-Então, nunca comecei a viver nem ninguém me viveu, apenas sobrevivi - Disse Farias chorando em silêncio, com lágrimas que cristalizavam o rosto juvenil moreno.
Pi, pi, pi...piiiiipiiiiiiiiiiiiiii...
[Antes que a madrugada termine]
Tiago Alves
Fortaleza, 14 de fevereiro de 2013.
Às 22h16min.
Nenhum comentário:
Postar um comentário