quinta-feira, 31 de outubro de 2013

É difícil

É difícil descrever certas belezas do mundo. É difícil sentir certos sentimentos ao ver algumas pessoas, é difícil. Você já tentou colocar no papel esses sentimentos? É difícil. Mas quando vemos uma beleza, criação do divino, fica difícil acreditar que não existe céu, que não existe uma força maior que é capaz de criar seres p-e-r-f-e-i-t-o-s
Ao chegar na sala, era aula de química, primeiro dia de aula, segunda-feira, às 7h10min da manhã, tudo convergia para o tédio que eram as aulas do ano passado. Cheguei, meio esbaforida, meio chateada, meio antipática, meio errada, meio de tudo que era ruim. As cadeiras, ali, eram feitas para que uma dupla se sentasse, e eu tive a sorte de sentar vizinho a um anjo, mas minha raiva na hora nem sequer deixou que eu o visse. Maldita cólera.

Nem o olhei. Na hora da chamada, escutei seu sobrenome, que foi o que ecoou, sobrenome forte. Pertencia à família dos Barza-Tabolio, muito conhecida na região. Seu nome era Fernando, mas queria ser chamado de Fer Tabolio. Os anjos sempre têm gostos distintos, têm vontades distintas, têm maneiras de se portar, de olhar distintos. Segui não lhe olhando, estava somente de corpo presente na sala. Maldita cólera!
No dia seguinte, fomos a uma aula no bosque da escola, quando, de repente, vejo aquela pessoa que estava sentada ao meu lado no dia anterior, soube que era ele por causa do nome... nem sei o que senti na hora, mas a imagem que vi é inolvidável.
Olhei-lhe de frente, correndo; anjo lindo, de pele clara, olhos meios claros e meios escuros, brilhantes como uma pérola, rosto quadrático, inconfundível; cabelo baixo, ondulado, castanho. Boca bem desenhada, o que me deixava simplesmente estarrecida, boba, paralisada. Tudo perfeito. 
Em um momento, por causa de sua corrida, sua bolsa caiu; olhei-lhe de costas, quando sua blusa arregaçou-se para cima: corpo afilado, tronco grande, forte, braços de músculos avantajados, de curvas lindas, tênues... tinha asas robustas, indescritíveis; seus pelos do tronco eram super discretos, digno de um divino. Pegou a bolsa no chão, baixou sua blusa, ocultando sua exuberante covinha da barriga, enfermei-me com tudo aquilo.
Ele correu em direção a mim, prontamente me deu 'bom dia', fui ao outro lado da vida, voei; que perfume; respondi: 'bom dia', meio trêmula, era muita beleza para uma criatura só. Ele sorriu: de um riso grande, abocanhador, tinhoso, meio "libido acesa". Riu uma vez, o suficiente para lembrar-me até hoje nas noites antes de dormir, já que sua imagem é a última coisa que me vai antes do sono chegar. Naquele dia, assistimos a aula de botânica, aliás, ele sim, eu não, eu o admirei a aula inteira.
Depois daquele dia, nunca mais o vi, pois aprovara para estudar em um colégio vinculado às forças armadas do país; além de perfeito por fora, era extremamente inteligente, além de ser meigo, tranquilo e risonho no modo de falar, um grau de educação, sapiência e erotismo lhe pertencia como a ninguém mais conheci igual.
E a única coisa de que sentirei falta, apesar de nunca ter tido dele é seu abraço..."anjo que me tenta, e não me guarda"

[Cortesia]
Fortaleza, 31 de outubro de 2013.
Às 12h22min.
By: Jaume Senun




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